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Arquitetos: Castillo Miras Arquitectos
- Área: 3483 m²
- Ano: 2010
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Fotografias:Fernando Alda
Descrição enviada pela equipe de projeto. A “Torre de Huercal Overa” data do século XIII: ela foi construída pelos árabes, quando o reino Nazari regia o sul da Península Ibérica.
Sua localização era a fronteira entre os Cristãos e os Nazaris, em um momento em que a reconquista tinha progredido e o reino árabe foi reduzido ao pequeno bastião de Andaluzia.
Situada à beira de um penhasco, os restos existentes eram parte de uma fortaleza maior, que já não existe mais. Esta torre foi parte de um cinturão defensivo desde os tempos antigos: nos arredores estão vestígios arqueológicos que datam da Idade de Bronze.
Após a queda do reino Nazari, a fortaleza perdeu sua função principal e se deteriorou lentamente, caindo em um estado de dilapidação. Durante a guerra civil espanhola, foi usada como bunker e várias aberturas foram feiras para disparar as metralhadoras. A torre foi propriedade privada nos últimos 50 anos e o proprietário realizou uma série de alterações significativas para atender suas necessidades. Nos últimos anos, o município ganhou os direitos de propriedade e encomendou o projeto de restauração.
O principal objetivo do projeto foi fazer com que a torre fosse acessível, além da recuperação e restauração do edifício original. Os critérios foram seguidos para preservar o máximo possível do material original, removendo elementos modernos e recapeando as paredes de barro e tramas de tijolos. Dada a importância arqueológica do local, as adições no projeto foram feitas com objetos removíveis, colocados diretamente no solo, sem fundações e feitos com materiais que contrastam com os da estrutura original. Ao invés de reconstruir, o projeto enfatiza a intervenção e indica as partes perdidas.
O projeto tenta usar a topografia existente para minimizar a movimentação de solo, por este motivo a área de estacionamento é fixada em um patamar existente no final da estrada de acesso. A caixa de aço cor-ten monolítica foi projetada para abrigar o serviço de informações. Como um contêiner, móvel e que viaja naturalmente.
A partir deste ponto, um caminho de pedestre foi traçado com a ajuda de arqueólogos. Juntamente com as orientações fornecidas, a topografia do local traçou o caminho a ser seguido. A disposição escolhida, procura inclinações suaves no terreno e áreas planas para descansar e olhar. A trilha é pavimentada com peças de concreto pré-fundidas. Bancos de pedras são definidos ao longo do caminho, surgindo como parte da montanha.
A entrada original para a torre 4 metros acima do solo. Para restaurar este acesso, uma nova escada de aço cor-ten foi construída. Foi concebida como uma luz, um objeto removível com uma natureza contrastante com o edifício existente. Em oposição à solidez, a materialidade quadrangular da torre, a escada temporária, circular e enferrujada. Como um objeto estranho, sua materialidade reforça seu caráter provisório.
Este cilindro de aço é perfurado, a fim de criar aberturas e visualizações controladas na paisagem. Em uma espécie de "passeio arquitetônico" através da estrutura, os visitantes são convidados a desfrutar da beleza desta paisagem árida e açoitada pelo vento.
O principal objetivo para a restauração da estrutura existente era de preservar e preparar os materiais originais, removendo as adições e revestimentos sempre que possível. As paredes de barro forma limpas e consolidadas. Nos lugares onde a superfície original estava muito danificada, uma nova camada de argamassa de calcário foi aplicada seguindo um padrão geométrico para enquadrar o acabamento das paredes originais.
O interior da torre foi significativamente alterado ao longo dos anos. O objetivo do projeto foi de remover todas as adições, removendo inclusive o gesso que esconde a textura original. A escadaria interna original, que foi parcialmente demolida, é reconstruída com base na tipologia encontrada nas torres semelhantes.
O chão foi encontrado coberto com ladrilhos do século XX que foram tirados: um novo piso elevado de madeira foi colocado, solto das paredes.
Após a remoção da camada de gesso das paredes, o tecido original de tijolo apareceu.
O uso de cores e materiais no interior da torre pretendeu criar um sentimento acolhedor, em contraste com a natureza introvertida do edifício.
Esta intervenção simples, mas enfática é a intenção de mostrar a força de uma construção eterna, feita por construtores anônimos com materiais simples, bem como para enfatizar a natureza provisória de luz, degradável do contemporâneo.